A 5ª edição da pesquisa do Sebrae sobre os efeitos da pandemia do coronavírus mostra resistência ou desinformação desses empresários sobre vendas pela internet
A maior parte das micro e pequenas empresas já comercializava produtos e serviços pela internet, aplicativos ou redes sociais, mesmo antes da pandemia gerada pela Covid-19. Mas dentre os que não aderiram a esse modelo de negócio, estão os empreendedores com menor escolaridade, que ainda são resistentes ou desinformados sobre como fazê-lo.
É o que revelou a 5ª edição da pesquisa “O Impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, realizada pelo Sebrae entre os dias 25 e 30 de junho. O levantamento mostra também que os empresários do segmento, com menor nível de estudo, são os que mais fecharam as portas de seus estabelecimentos em definitivo ou temporariamente, além de serem os que possuem maiores restrições à circulação, dada a localização dos seus empreendimentos.
Nesse contexto, a amostragem revela que os empresários menos escolarizados são aqueles que encontram maiores dificuldades em entrar na digitalização de seus negócios. De acordo com a pesquisa, 20,4% não sabem como a internet pode ser aplicada em seu negócio e 7,9% não vendia e nem pretende vender seus produtos por esse meio.
Porém, o levantamento aponta que as redes sociais, como Whatsapp e Facebook, são amplamente utilizadas por empreendedores de todos os níveis de instrução para fazer negócios. Apesar de o digital “ter vindo para todos”, 1/3 dos donos de pequenos negócios com menor instrução têm maiores dificuldades de estrutura e tecnologia.
Conforme o levantamento do Sebrae, que entrevistou 6.470 empreendedores de todo o país, muitas empresas continuam funcionando, apesar de não ser como antes da crise. A 5ª edição da pesquisa mostra que 6,6% dos empreendedores com nível médio incompleto decidiram acabar de vez com seu negócio e são os que mais (31,6%) tiveram que fechar provisoriamente o empreendimento a que se dedicavam. A amostragem apontou ainda que 59% dos empresários de nível superior apostaram em mudanças ou estão funcionando normalmente (9%).
“Em relação ao faturamento durante a pandemia, todos os níveis escolares acusam enorme e semelhante impacto nos lucros, com maior variação negativa dentre os mais instruídos”, explica o presidente do Sebrae, Carlos Melles. Por isso, segundo ele, empresários de todas as escolaridades revelaram que recorreram à modalidade online e delivery como alternativas para manterem seus negócios na crise. Os menos instruídos, no entanto, passaram a fazer mais vendas diretas.
Medidas do governo
Os donos de negócios com ensino médio completo foram os que mais preservaram postos de trabalhos formais pelo regime CLT. Os empresários com menor escolaridade, segundo a pesquisa, utilizaram menos as medidas do governo em relação à redução de salários (3,1%) e jornadas de trabalho (22,3%). A proposta estava entre as oito emendas feitas pelo Senado à Medida Provisória 944/20, aprovadas na quarta-feira (29) pela Câmara dos Deputados. Já entre os empreendedores com ensino superior, os percentuais foram de 11,6% e 28,6%, respectivamente.
Pagamentos em atraso
No entanto, em qualquer nível de ensino, a maioria dos empresários disse acumular dívidas, de acordo com o levantamento do Sebrae, sendo o mais preocupante o fato de que os menos instruídos são maioria entre eles. Uma das razões é problema no CPF, enquanto que, para os mais instruídos, o problema está em irregularidades do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Mesmo assim, foi os segmento que obteve mais empréstimos bancários.