O cenário do e-commerce brasileiro segue em constante transformação, e os dados mais recentes de downloads de aplicativos em abril de 2025 revelam um fenômeno curioso: a Temu, app de compras da gigante chinesa PDD Holdings, foi o aplicativo mais baixado no país, com impressionantes 6,1 milhões de instalações. Mas, apesar do pico de popularidade, a Temu ainda não aparece entre os canais com maior volume de vendas no e-commerce nacional.
Essa aparente contradição entre popularidade e desempenho comercial traz insights valiosos sobre o comportamento do consumidor digital e os desafios reais de conversão no varejo online.
Os 10 aplicativos mais baixados no Brasil – abril de 2025
- Temu – 6,1 milhões
- ChatGPT – 5,9 milhões
- Mercado Livre – 3,7 milhões
- Instagram – 3,6 milhões
- TikTok – 3,3 milhões
- Block Blast! – 3,2 milhões
- Gov.br – 2,9 milhões
- Nubank – 2,4 milhões
- Shopee – 2,2 milhões
- CapCut – 2,1 milhões
Por que a Temu domina os downloads, mas não as vendas?
A Temu vem investindo pesado em estratégias de aquisição de usuários: campanhas com cupons generosos, bônus de indicação e uma interface gamificada que lembra a experiência da Shopee nos primeiros anos no Brasil. O modelo gera curiosidade e tráfego, mas enfrenta barreiras importantes para se consolidar como um canal de vendas relevante:
- Baixa confiança do consumidor em marcas novas
- Demora na entrega de produtos importados
- Falta de presença local ou logística nacional
- Ausência de campanhas consistentes de fidelização
Ou seja: download não significa recorrência — muito menos conversão.
A força dos marketplaces consolidados
Enquanto a Temu testa seu espaço, Mercado Livre e Shopee seguem como líderes incontestáveis em vendas no país. O Mercado Livre, com sua infraestrutura logística nacional e sistema de pagamentos robusto, ocupa posição de destaque tanto em downloads quanto em faturamento. A Shopee, mesmo com menor número de downloads em abril (2,2 milhões), mantém um público fiel, especialmente no segmento de tickets mais baixos.
Essas plataformas conseguem entregar algo essencial para o consumidor brasileiro: conveniência, confiança e agilidade.
O que isso revela sobre o comportamento do consumidor digital?
Esse contraste entre curiosidade (downloads) e fidelidade (vendas) mostra que o consumidor brasileiro está aberto a novas experiências, mas ainda valoriza marcas que entregam segurança, bom atendimento e logística eficiente. A Temu pode ter vencido a “batalha da instalação”, mas a guerra da recorrência ainda está em andamento.
Oportunidades e lições para lojistas e profissionais de e-commerce
Para quem atua no e-commerce, esse movimento oferece lições importantes:
- Atenção à experiência pós-clique: atrair o clique não basta — é preciso entregar valor real para manter o cliente.
- Invista em branding e reputação: o consumidor quer confiar antes de comprar.
- Analise o comportamento dos grandes players: como eles trabalham sua operação, UX, funis e fidelização?
- Adapte suas estratégias ao perfil brasileiro: preço é importante, mas não é tudo.
Conclusão: nem todo buzz se transforma em venda
O sucesso da Temu nos downloads de abril é um lembrete de que popularidade digital não garante desempenho comercial. É preciso ir além do marketing de aquisição e trabalhar a fundo todos os pontos de contato com o cliente. No Brasil, ainda há espaço para novidades — mas a confiança é o que realmente sustenta o crescimento.