Black Friday se consolida como grande exemplo do omnichannel no varejo brasileiro

Mesmo o consumidor mais relutante com a compra de produtos na internet já ouviu a expressão “Black Friday”. O termo refere-se ao período de promoções e descontos que o varejo concede na última sexta-feira de novembro todos os anos. Tradição norte-americana, no Brasil a data consolidou-se no comércio eletrônico ao longo desta década, mobilizando milhões de pessoas. Entretanto, foi a partir de sua expansão para as lojas físicas nos últimos anos que o evento se transformou no grande exemplo da prática omnichannel entre os lojistas brasileiros.

Neste ano, um quarto dos consumidores no Brasil confirmaram a intenção de comprar em mais de um canal durante a Black Friday – esse índice foi de 7% em 2018, de acordo com levantamento do Google. O número de pessoas interessadas em participar apenas no varejo físico também subiu e chegou a 37%, marca semelhante ao de interessados em aproveitar os descontos só na internet (38% do total). Isso explica por que a quantidade de vendas nas duas categorias subiu nessa data em 2019: 19,6% no e-commerce e 16,2% nas lojas físicas, de acordo com estudo da Cielo, empresa de meio de pagamentos.

Essa integração de canais só foi possível porque os lojistas que atuam exclusivamente nos pontos de venda reconheceram a necessidade de adotar recursos que antes eram reservados ao e-commerce. Assim, é impensável visualizar um gestor que não busque métricas para avaliar o desempenho de seu estabelecimento, tanto na atratividade de sua vitrine quanto na disposição das gôndolas, na capacidade de vendas dos colaboradores e, principalmente, na qualidade de conversão de seus produtos. Em suma: trabalhar com dados é essencial até para varejistas que não estão na internet.

Essa mudança de cultura foi impulsionada justamente pela evolução tecnológica. Se antes era muito difícil obter informações acuradas sobre a loja física, hoje, por meio de recursos IoT (internet das coisas) e com dispositivos de visão computacional, é possível extrair análises e insights diversos que embasam a tomada de decisão do empreendedor. Em um mundo cada vez mais conectado, esses dados podem ser cruzados com documentos e indicadores obtidos digitalmente em outras fontes, oferecendo uma visão ainda mais completa de seus clientes e permitindo traçar estratégias diferenciadas de atuação no segmento.

Dessa forma, torna-se natural a integração dos canais aos planos de um lojista, uma vez que isso lhe permite identificar quando, onde e como seus clientes preferem ser impactados com promoções e descontos. É possível, por exemplo, oferecer condições para que eles comprem online, mas retirem na loja e vice-versa. Estabelecimentos que trabalham exclusivamente no comércio físico podem elencar quais produtos são os mais buscados pelo seu público-alvo e, a partir daí, traçar um planejamento mais agressivo de descontos – ou ainda buscar meios de fidelizá-lo e atraí-lo com campanhas personalizadas.

Atualmente, não dá mais para negar a importância que a Black Friday tem para o varejo brasileiro – tampouco o seu crescimento e consolidação nas lojas físicas, que se programam e fazem horário especial para atender um número cada vez maior de clientes. Por meio da utilização frequente de dados e com a tecnologia adequada, o lojista consegue não só aumentar suas vendas, como também promover de forma eficiente a integração de seus diferentes canais. Basta entender o perfil de seu consumidor e, principalmente, preparar-se para atendê-lo de forma competente seja no ambiente online, no offline ou nos dois., segundo Flávia Pini, CMO da FX Retail Analytics.

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